sábado, abril 18, 2009

Português

Por influência de Angola, a língua portuguesa vai ser ensinada nas escolas primárias da Zâmbia.

É uma boa notícia. Assim começa um tempo em que os países africanos que falam português passam a assumir plenamente a bandeira da promoção externa da nossa língua comum.

2 comentários:

Anónimo disse...

Entre meados e finais dos anos 80, tive ocasião de ir até Malaca, se a memória não me falha, pelo menos umas 3, ou 4 vezes. Num zona ribeirinha, um pouco afastada do centro da cidade, fica aquilo que, desde há muitos anos se convencionou designar por “portuguese settlement”. Consiste o mesmo num pequeno ajuntamento populacional com - como têm orgulho e insistem em se chamar - “descendentes dos antigos portugueses desde Albuquerque e mesmo antes, que ali se fixaram e casaram com as gentes que então por ali viviam”. E falam o “kristan” (a língua dos “cristãos” – os portugueses - que ali chegavam), ou seja, uma espécie de português antigo (com mais de 4 séculos!) algo adulterado com o evoluir do tempo e a influência da língua local. O que mais me surpreendeu foi a possibilidade de nos conseguirmos entender, sobretudo se falássemos devagar. Diría que era possível compreender mais de 70/% do que diziam (e pelos vistos o mesmo se aplicaria de eles para connosco). Outro aspecto interessante era o nome das ruas, com os nomes dos tais navegadores e de outras figuras de relevo, à época.
Sempre que ali me encontrava, sentado numa mesa de uma das pequenas esplanadas que por ali havia, punha-me a imaginar as naus e caravelas de então, dos nossos ilustres navegadores, a atracar por ali, a chegarem e a partirem, enfim, como seria o bulício daquela era.
Refiro isto porque aquilo que aquela gente sempre nos pedia, quando os deixávamos, eram livros e alguém que lhes ensinasse o português, falado e escrito, de hoje. Que me recorde, só a Gulbenkien esteve em posição de enviar alguns exemplares de livros. Nunca o Estado fez, ali, um investimento nesse sentido, de apoio, menor que fosse, para, pelo menos, procurar preservar, minimamente, alguns laços linguísticos com aquela gente, que, ainda naquela altura, passados séculos, mantinha um enorme respeito e consideração por nós, Portugal. Não é uma crítica, não é esse o objectivo destas minhas palavras, tão só uma constatação, de que tenho pena.
Curioso portanto ver que é por influência de Angola que na Zâmbia vai ser ensinado o português. Só tenho a dizer: ainda bem! É preciso é que se fale, que se ensine, que se divulgue e implemente esta língua que é a nossa. Não importa por quem. Mas se também pudessemos contribuir, excelente!
Pena que Angola não fique encostada a Malaca (ou à Malásia, para ser mais correcto).
P.Rufino
PS: Em Malaca, por essa altura, já ia me esquecendo, vivia um padre, muitíssimo simpático - o Padre Pintado - amante de um bom Whisky, que foi, durante décadas, o grande e quase único apoio que aquelas almas tiveram. Bem haja o P.Pintado, com o qual passei tardes bem divertidas!

ana v. disse...

Uma óptima notícia, de facto. Estou ligada a um projecto que procura manter viva a língua portuguesa nos países que a falam ou já falaram, utilizando o Mar como elo de ligação. Convido-o, senhor embaixador, a visitar o nosso espaço (por enquanto um blog, mas muito em breve um site): http://mares-olhares.blogs.sapo.pt/
O projecto Mares - Olhares da Língua Portuguesa vai ser oficialmente lançado no próximo dia 5 de Maio - dia da Cultura Lusófona.

Maduro e a democracia

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