segunda-feira, abril 27, 2009

Racismo

As conclusões da Conferência da ONU sobre o Racismo, que teve lugar em Genève, deram plena razão à posição do Governo português que, desde muito cedo, entendeu, no seio da União Europeia, que era importante distinguir entre o essencial e o acessório, evitando que este último pudesse colocar em causa o esforço, longo e meritório, que a comunidade internacional tem vindo a fazer desde a reunião de Durban I.

O nosso país sempre afirmou que não deixaria de estar presente na Conferência, desde que o documento final mantivesse um padrão globalmente positivo, como veio a acontecer. Não foi esse, infelizmente, o entendimento de um escasso número de parceiros europeus, o que, não sendo dramático, configurou uma dissonância numa dimensão importante da acção externa europeia.

Nestas como em outras temáticas centrais da cena multilateral, importa sempre estar presente e actuante, trabalhar bem a montante das reuniões finais e não deixar que elas venham a ficar reféns fáceis de gestos mediáticos e espectaculares que, lançando uma imagem de conflitualidade e polémica, não reflectem a qualidade do trabalho efectivamente realizado. E não devem pô-lo em causa.

O documento final da Conferência sobre o Racismo, segundo todos os especialistas, configura uma salto qualitativo muito significativo na matéria, desenha um conjunto objectivo de compromissos e prolonga a responsabilidade internacional num processo de execução de medidas fundamentais na luta contra o racismo, xenofobia e todas as formas de discriminação e intolerância.

Agora, o esforço principal deverá ser tentar reconduzir a nova Administração americana, que se sabe ter uma particular sensibilidade perante esta temática mas encontrou o processo negocial num estádio já muito avançado, a trabalhar de forma conjugada com os principais actores que podem levar a bom porto as medidas que agora foram acordadas. Nestas como em outras questões de natureza global, a experiência prova que faz toda a diferença ter os Estados Unidos no grupo impulsionador.

3 comentários:

Anónimo disse...

Como disse um dos participantes - parece-me que a chanceler Angela Merkel - "esta foi uma cimeira quase histórica"
gfaria

Anónimo disse...

A Alemanha foi um dos 9 países que seguiram os EUA na decisão de boicote de Durban II.
A República Checa, i.e a Pres. da União Europeia, também, pelo que a Suécia assumiu a função de porta-voz da UE.
A Conferência foi um êxito, apesar das 10 ausências. O primeiro dia foi marcado pela intervenção "desbocada" do Pres. iraniano mas a maioria dos países entendeu (e bem) que o discurso era para consumo interno visto que se aproximam as eleições.
O senhor Embaixador tem razão: não é abandonando o processo que se combatem os desvarios iranianos.
Há, de facto, que trazer de novo a nova administração americana à mesa; os 9 segui-la-ão, como agora a seguiram.

Anónimo disse...

Ás vezes dá-me para aguardar, antes de comentar. Foi o caso aqui. Um Post muito oportuno e “sabiamente” escrito (ou “explicado” do que ali se passou). Gostei também, bastante, do que Jorge Sampaio referiu a propósito. Comentário bem observado este último de “Anónimo”.
Caro Embaixador, essa sua acutilância no tratamento de certos temas “mais sensíveis” merece leitura atenta.
Abraço,
P.

Maduro e a democracia

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