quarta-feira, outubro 13, 2010

Solana

Javier Solana é um amigo de Portugal. E, por coincidência, meu amigo pessoal. Ontem, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luis Amado, fez-lhe entrega da Grã-Cruz da Ordem de Cristo, uma alta condecoração portuguesa. Nada de mais merecido.

Solana teve um percurso brilhante, depois de uma juventude de ativismo político pela liberdade em Espanha. Ministro dos Negócios Estrangeiros do seu país, secretário-geral da NATO e figura cimeira da Política Externa e de Segurança Comum da União Europeia, em todos esses lugares soube afirmar uma atitude de grande equilíbrio, de sentido de compromisso, com uma simpatia e uma cordialidade que fizeram escola. Num mundo de "realpolitik", Javier Solana nunca esqueceu um sólido referencial de princípios em que assentou toda a sua ação.

Para Portugal, como referi, Solana foi sempre um amigo. Recordo-me, em especial, do modo colaborante como se articulou conosco durante a presidência da União Europeia em 2000, jogando "com as cartas em cima da mesa" e ajudando-nos, não raramente, a ultrapassar sérias dificuldades surgidas na tecitura das posições que nos competia desenhar no quadro da ação externa da União. 

No que me toca, devo-lhe gestos de grande simpatia, o maior dos quais foi um convite pessoal - que não pude aceitar - para ocupar um interessante lugar na estrutura de representação externa da União Europeia.

Un abrazo fuerte, Javier!

2 comentários:

Mágda Cunha disse...

"...atitude de grande equilíbrio, de sentido de compromisso, com uma simpatia e uma cordialidade..." São características fundamentais e decisivas para qualquer liderança hoje e sempre. Excelente.

Gil disse...

É, sem dúvida, uma interessante personalidade, com quem tive, também, alguns contactos.
O percurso que fez foi brilhante e, também, algo sinuoso (escrevo-o sem qualquer intuito insultuoso).
Por exemplo, o seu "ativismo político pela liberdade em Espanha" incluiu uma militância activa contra a NATO, de que viria a ser um musculado e algo belicoso secretário-geral.
Um antecessor do Ministro Luís Amado, também amigo de Solana, , em conversa a que assisti,pouco tempo depois da queda de Milosevic, brincou com ele dizendo "então Javier! Quem diria que depois das correrias contra a NATO havias de ficar conhecido como o 'Carrasco de Belgrado' ".
"Javier", reconheço, reagiu com uma sonora gargalhada.

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