terça-feira, maio 28, 2013

Mia Couto

Com imensa justiça, o prémio Camões acaba de ser atribuído ao escritor moçambicano Mia Couto.

Não resisto a reproduzir uma história (verdadeira) que, há mais de quatro anos, por aqui contei, a propósito de um outro galardão entregue ao escritor.

Foi no Maputo, há já uns bons anos.

A lista dos condecorados era longa e o respectivo leitor, de nacionalidade portuguesa, era, manifestamente, uma pessoa pouco sensível às letras moçambicanas. Assim, sem hesitação, anunciou, a certa altura da solenidade: "E agora, vai receber a ordem X a Senhora Dona Mia Couto".

Um frémito de embaraço e riso sacudiu a audiência. Mia Couto, o excelente escritor de Moçambique, afivelou um sorriso por detrás dos óculos e da barba, encaminhando-se para o palco onde o presidente português o aguardava, claramente um pouco incomodado com a inesperada feminização do agraciado.

Um colega meu, de graça rápida, logo deixou cair, baixo: "Ainda bem que hoje não é condecorada a Senhora Dona Sara ... mago!".

8 comentários:

Isabel Seixas disse...

De facto...

Mas o Escritor Mia Couto merece parabéns.

Anónimo disse...

Para menos vergonha, e ainda bem, não foi o próprio Ministro da Cultura que fez a chamada.
José Barros

Alcipe disse...

Uma coisa semelhante aconteceu ao Mia nos Estados Unidos, numa daquelas universidades politicamente correctas. Ele aparece e faz-se um silêncio constrangedor na audiência. Finalmente, alguém lhe explica: "Estávamos à espera... de uma senhora negra!"

Portugalredecouvertes disse...


Devia gostar de Mia Farrow!

Anónimo disse...

E,em Paris,um correspondente de uma televisão, inventou um escritor chamado Jorge Lídia (aqui, Lídia Jorge foi masculinizada). Será uma vingança de Cavaco Silva, que era de Boliqueime, Poço de Boliqueime, e passou a ser de Fonte de Boliqueime? Creio que é conterrâneo da grande escritora. Duvido é que tenha lido algum livro dela (a esposa, decerto leu, dado que é de S. Bartolomeu de Messines, a terra de João de Deus, o tal da "Cartilha Maternal". Ainda bem que estes
detalhes nos vão suavizando os dias... E, em tempo de palhaços, leiamos "Um Sorriso aos Pés da Escada" do Henry Miller. Viva o palhaço Augusto!!!

Belenenses Ilustrado - disse...

Mia Couto, faz-me sempre recordar o brasileiro Dias Gomes...
Parabéns à língua portuguesa que tais filhos tem.

Anónimo disse...

Poço de Boliqueime?

Poço de gasolina.

Poço de palhaçada.

Enfim...

Guilherme.

João de Deus disse...

Lembrei-me de imediato da sua história, Senhor Embaixador, quando soube da boa notícia. A minha segunda reacção foi pensar "mas como é que o Mia Couto ainda não tinha recebido o Prémio Camões"? Conheci-o em Belo Horizonte e achei-o, além de genuinamente afável, de uma simplicidade desconcertante para o génio criativo da sua escrita.

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