domingo, outubro 03, 2010

Presidente brasileiro

Tem hoje lugar, no Brasil, a eleição para designar a pessoa que, no dia 1 de Janeiro de 2011, substituirá o presidente Lula na chefia do Estado. O novo titular só tomará posse nesse dia - uma bizarria da Constituição brasileira que faz com que os chefes de Estado, de Governo ou outros dignitários que os representem na cerimónia tenham de passar a data do fim-de-ano em Brasília. Convirá que o nosso serviço de Protocolo ponha já isto na agenda...

Os presidentes do Brasil, depois da eleição e antes da posse, costumam viajar, um tanto oficiosamente, pelo mundo, a exemplo do que também acontece com os seus homólogos americanos. São viagens que têm um estatuto híbrido, em que aproveitam para estabelecer contactos e sublinhar dimensões da política exterior da futura presidência.

Em 1910, o presidente eleito do Brasil veio a Portugal, numa dessas visitas. O rei dom Manuel II ofereceu-lhe um jantar no palácio das Necessidades (vivia então lá o rei, trabalham lá hoje os nossos diplomatas). Esse jantar ocorreu na noite de 3 de Outubro, faz hoje precisamente 100 anos.

A Revolução republicana rebentaria horas depois e, para evitar que Hermes da Fonseca pudesse ser uma lamentável "casualty" da implantação da nova República, foi necessário, a certo ponto dos combates, negociar uma trégua para deixar o ilustre visitante sair da cidade, no navio de guerra brasileiro em que viajava.

É o que pode dizer "estar no sítio errado na hora errada". Não sei se é essa a razão, mas conheço vários amigos brasileiros que consideram que Hermes da Fonseca é um nome que "dá azar". Quando se fala nele, batem logo na madeira para exorcizar os maus espíritos. Pergunto-me se não terá sido dom Manuel a inaugurar este hábito. Boas razões tinha ele...

4 comentários:

Mário Machado disse...

A data da posse não poderia ser mais inapropriada, apenas os proprietários de hotéis na capital federal que aprovam essa escolha, pois podem cobrar tarifa especial do "cordão dos puxa-sacos".

Abs,

Guilherme Sanches disse...

Não tem nada a ver, mas é uma efeméride de que acabo de me lembrar:

3 de Outubro de 1990, reunificação das Alemanhas.

Eu estava em Dusseldorf numa feira que decorria em Neuss, e nesse dia procurando adquirir algo que tivesse a ver com o momento histórico, entrei num quiosque e perguntei se teriam qualquer coisa que comemorasse essa data. Lembro-me dos olhos cor de azul entristecido e do olhar frontal da senhora de meia idade que me atendia

- comemorar o quê?!!! O que vamos ter que pagar?!...

Foi há vinte anos.

(Ainda arranjei uns selos com o carimbo dessa data)
Um abraço

Mário Machado disse...

Bom como muitos dos comentaristas aqui podem não dominar a história do Brasil vou clarificar um pouco a expressão "Cordão dos puxa-saco" embora quase auto-explicativa tem sua origem numa marchinha de sátira política, retratando a adesão de última hora a Getulio Vargas na primeira metade do Século XX.

Anónimo disse...

O azar também caiu sobre o Brasil quando Tancredo Neves morreu, antes de tomar posse e após a deslocação a vários países europeus, entre os quais Portugal, em 1985.

Fora da História

Seria melhor um governo constituído por alguns nomes que foram aventados nos últimos dias mas que, afinal, acabaram por não integrar as esco...