segunda-feira, março 14, 2011

Lampedusa

Nas últimas semanas, o debate político interno francês tem estado centrado nos sinais dados por algumas sondagens que colocam Marine Le Pen, líder do "Front National", um grupo político ultra-conservador, como o candidato com maior apoio potencial, na perspetiva das eleições presidenciais de 2012. 

Vale a pena recordar que, em 2002, o pai da atual lider, Jean Marie Le Pen, teve a segunda maior votação na 1ª volta das eleições presidenciais, atrás de Jacques Chirac, deixando para trás o candidato socialista. A França não esqueceu ainda esse "terramoto" político, pelo que ele não deixa de estar presente na memória coletiva, no caminho para 2012.

O "Front National" tem uma agenda política centrada nas questões de segurança, imigração e discussão das temáticas da interculturalidade em França, mas igualmente numa rejeição do euro e na defesa de fortes medidas protecionistas. A nova líder do partido apresenta, contudo, uma imagem menos radical que o seu pai, o que, segundo alguns observadores, estará na origem da sua maior popularidade e do aparente crescimento na aceitação pública do seu partido, a qual será testada nas eleições cantonais dentro de uma semana.

Hoje, Marine Le Pen desloca-se à ilha italiana de Lampedusa, local de desembarque prioritário das vagas de migrantes africanos, onde abordará essa mesma temática.

Confesso que, ao ouvir falar de Lampedusa e ao observar a evolução recente da imagem do "Front National", não pude deixar de me lembrar da clássica frase posta na boca de Falconeri, no romance "O Leopardo", de Giuseppe Tomasi de Lampedusa: "Se queremos que as coisas permaneçam como estão, as coisas têm de mudar" ("Se tutto deve rimanere com'è, è necessario che tutto cambi").

6 comentários:

Anónimo disse...

Eu deixo-lhe este comentàrio, que nao é meu, aliàs; é do WA:

"Na minha próxima vida, quero viver de trás para frente.
Começar morto, para despachar logo o assunto.
Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa.
Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo.
E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer.
Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e com um espaço maior por cada dia que passa, e depois - "Voilà!" - desapareço num orgasmo."

Carlos Cristo disse...

Mudam os tempos, mas não mudam as vontades?

Julia Macias-Valet disse...

"A nova líder do partido apresenta, contudo, uma imagem menos radical que o seu pai,..." mas a meu ver podera vir a ser bem mais "perigosa" que o seu progenitor. As mulheres sao "rusées"...

Anónimo disse...

Caro Anónimo das 17:28 (assim já fica com nome),

Esse texto atribuído ao Woody Allen, acaba por estar um pouco materializado no filme "O Curioso Caso de Benjamin Button".

Isabel BP

Anónimo disse...

"Se queremos que as coisas permaneçam como estão, as coisas têm de mudar" ...In citação de FSC

Fascinante por encontros no real.
Isabel Seixas

José disse...

Os jovens franceses são os mais otimistas em relaçao ao futuro. Mas não são europeus?.
Não há crise?.
Mantenha-se em Paris distinto e criativo embaixador.

Onde está o dinheiro que,durante quarenta anos, como quadro superior descontei?...

É mesmo melhor começar "morto".

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