terça-feira, junho 26, 2012

De Leninegrado a São Petersburgo

Há mais de 30 anos, ao tempo em que vivia em Oslo, tive a curiosidade de visitar a União Soviética. Achei que os preços das viagens eram surpreendentemente convidativos. Na véspera da minha partida, falei do assunto a um colega norueguês e logo fiquei ciente daquilo em que me metera: a agência de viagens que eu escolhera estava ligada ao Partido Comunista norueguês e, se calhar, fazia "dumping" ideológico. De facto, no grupo em que, durante duas semanas, estive incluído, muitos foram os que, logo que chegados a Leninegrado, colocaram na lapela uma imagem de Lénine...

A visita acabou por ser muito interessante, feita também por Moscovo e por Ialta, comigo sempre a tentar, para desespero da guia norueguesa, fugir ao espartilho dos programas e reagir à irracionalidade do condicionamento de movimentos. Guardo para sempre algumas recordações impressivas desse país, com uma vida que, à época, pressenti misteriosa, cinzenta e triste.

Hoje, por razões profissionais, estou em São Petersburgo - mas já não em Leninegrado. Para além do nome, muita coisa mudou por aqui, como se sabe. Mas, confesso, tentarei não deixar de revisitar, em homenagem àquilo que é a memória sentimental de uma certa geração, a estação da Finlândia, o Smolny, o Aurora e, claro, o palácio de Inverno, símbolos fortes de uma Revolução de outubro, que em dez dias abalou o mundo, e que, por sinal, foi em novembro.

5 comentários:

Isabel Seixas disse...

Só sei que quando for grande também quero ser embaixadora...
Não se preocupe Sr. Embaixador que eu estudo, basicamente porque gosto.

Pronto é de facto assim uma espécie de inveja mas eu continuo a medrar.

patricio branco disse...

a minha unica experiencia num país de leste, hungria em 1983, foi um pouco diferente: fomos 2 (não em grupo organizado), os bilhetes comprados à nossa conveniencia na loja da companhia aerea de linha que nos levava, os vistos obtidos no momento no consulado com apresentação dos bilhetes. Ao chegar nenhum problema nem na policia ou alfandega, mostrar passaportes, boa estadia, sorriso e passar, um autocarro para o hotel duma cadeia internacional, e depois passear, andar pela cidade totalmente à vontade. cidade tambem cinzenta e triste, mas com mobilidade normal pelas ruas, caminhando ou em taxi, transporte publico, restaurantes escolhidos a olho (caros), cervejarias cheias de gente a conviver, beber e comer. Havia inclusivamente 2 livrarias com umas pequenas secções em ingles e frances e lembro me de ver camus na folio a vender. Os famosos cafés lá estavam, cuidados mas com oferta limitada. Os regimes eram de facto diversos dentro do grupo e lamento não ter ido a mais 2 ou 3, urss, polonia, checoslovaquia.
Voltei recentemente e a cidade continuava cinzenta, embora muito movimentada, cheia de lojas das cadeias que vemos em todo o lado, zara, boss, etc, com muito mais turistas e ofertas.

Anónimo disse...

Feliz estadia, Senho Embaixador! Que tenha um tempo "extra" para livremente confrontar o "antes" e o "depois". É tão grandiosa a cidade, que só um nome não lhe chegou... Hoje, o Senhor Embaixador percorre um chão, de onde se levantaram as letras que fizeram algumas das obras literárias que nos ajudaram a crescer! Por tudo isso, que bom saber que as suas funções lhe trazem momentos destes!

Mônica disse...

Sr Francisco
Que maravilha deve ser Leninegrado .
Eu precisaria rever a história deste pais antes de visita-lo.
Mostre nos fotos.
com amizade e carinho d e Monica

Anónimo disse...

Senhor Embaixador,

Espero que a estadia em Leninegrado tenha sido optima.No dia 27 tinha agendado na minha cabeca ir ver ao NFT um dos meus filmes preferidos de Warren Beatty - REDS. Esqueci-me e fiquei em casa - Portugal/Espanha. Hoje fiz questao de nao me esquecer de ir ao NFT ver "The Discret Charm of the Bourgeoisie" ate porque Jean Claude Carriere veio de Paris apresentar o filme com Q & A. Carriere comecou por falar na longa tradicao de belas refeicoes no cinema. Aproveitei para lhe pedir que nos falasse do longo apreco de Bunuel por dry martinis. Respondeu que ate no filme se descreve a unica maneira feliz de o fazer...

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