domingo, julho 07, 2013

Fim de semana inglesa?

A mais recente crise governativa ter-se-á resolvido ontem. Os dois partidos, no sábado, apresentaram ao presidente da República um novo arranjo bilateral, com incidência na composição do executivo, que, com toda a verosimilhança, corresponde ás exigências do chefe de Estado.

Desde há dias, não se tem ouvido outra coisa: é preciso andar rápido, é necessário aquietar os mercados, evitar que, na abertura das bolsas, os "spreads" da dívida pública se agravem. Sendo assim, agora que a "solução" está encontrada, parece que seria importante passá-la à inquieta opinião pública internacional.

Ora, perante tudo isso, o que vemos? O presidente da República recebe, na 2a feira, os partidos. E, só depois disso, em data a anunciar, dá posse ao recauchutado executivo.

Estive a ler a Constituição. Nada na lei obriga, nem qualquer prática consuetudinária aponta nesse sentido, que as forças partidárias tenham, num contexto como este, de ser ouvidas pelo Presidente. Mas, mesmo que assim fosse entendido por desejável, não podia isso ser feito neste domingo? Os dirigentes do PCP estão, porventura, (ainda) a banhos em Sochi? Os Verdes foram arejar para o Meco? O Bloco foi de farnel para a Cova do Vapor? O PS está a trabalhar para o bronze na praia das Maçãs? O senhor Presidente rumou aos Algarves? Parece que sim, dá ideia que entraram todos de "fim-de-semana inglesa".

Então, sendo tudo atrasado, o que veremos nos telejornais da semana que aí vem? O CDS e o PSD irão a Belém, com as habituais figuras de segunda linha, para ganharem os tempos televisivos de antena, onde dirão as "rassurantes" banalidades do costume? E será mesmo essencial dar uma enésima oportunidade aos partidos da oposição, antes da sua saída para o Pátio dos Bichos, para reclamarem eleições antecipadas? Pronto! Já se sabe que as querem mas que o presidente não lhes faz a vontade. E se passássemos à frente e perguntássemos ao "novo" governo o que nos traz agora de diferente daquilo que, na semana passada, não nos podia apresentar? 

Voltando à "vaca fria": por que diabo os novos ministros não tomaram posse neste domingo? Então era tudo tão urgente e agora já não há nenhuma pressa? Já não percebo nada...

10 comentários:

margarida disse...

Pronto, pronto. Não se aflija mais, não? Eu explico: o senhor presidente tem uma agenda muito preenchida e não são estes episódios mais ou menos previsíveis e um nadinha caricatos que iriam fazer com que alterasse o que já tinha programado.
E hoje foi um gosto poder assistir, pela primeira vez desde há muito, a uns aplausos à sua pessoa, enquanto se dirigia para o local onde assistiu, com a excelentíssima esposa, à primeira missa do novo bispo de Lisboa. Um primor.
Acresce que faz um calor excessivo e não são aconselháveis movimentos exagerados. Devagar se vai ao longe, lá diz o ditado.
E depois, se começar a agir com celeridade, ficamos à espera que seja sempre assim, não é? Mais expectativas que se goram e isso não é bom. Bom é contarmos com aquilo que sempre soubemos como funciona.
Esclarecido?
Ainda bem.

Carlos Fonseca disse...

Provavelmente Sua Excelência já tinha à sua espera compromissos irrevogáveis, na Praia da Coelha. Sei lá, talvez uns carapaus alimados. Ou, quem sabe, uma feijoada de lingueirão.

Já agora, aproveito para dar os meus parabéns ao CDS, que de partido quase descartável passou a ser a locomotiva do Governo.

Por outro lado, Paulo Portas, o dissimulado, deixou o primeiro-ministro refém dos seus instáveis humores.

É isto a política à portuguesa, feita por garotos, quando precisávamos de estadistas. Poderá parecer a encenação de uma comédia. Infelizmente é um drama para (quase) todos nós.

Anónimo disse...

Ao domingo também se trabalha e muito. Até já houve quem se licenciasse a um domingo.

Anónimo disse...

Obrigado, Senhor Embaixador, po aparentemente concorar comigo no meu comentário ao seu post anterior.

Nem na Alemanha se fazem já fins-de-semana destes. Há uns anos, tudo parava ao Sábado pelo meio-dia. Agora, jã não é assim.

De facto, o PR já podia há muito ter resolvido esta crise, se tivesse vontade de o fazer. E não estou a falar só desta patética semana que findou.

Portugalredecouvertes disse...


Penso que os mercados devem ler os jornais,
até os jornais estrangeiros anunciam o acordo em Portugal mas a inquietação ainda está em vigor (fui verificar)

parece que quanto mais se reclama mais caro fica, será que ficamos peritos em economia/política? pena não ser assim nas empresas, é que quando os clientes reclamam, levam um desconto!

Anónimo disse...

Estou de acordo que os fins-de-semana sejam sagrados. No sábado haverá os saldos e os saldos agora são uma nova religião. E no domingo, com a Santa missa e um bate papo no adro à saída lá se vai o dia...
E quem somos nós para dizer que há urgencia? O Sr Presidente é que sabe destas coisas e é Ele que sabe se há urgencia ou não. Aliás, melhor do que nós, Ele sabe que o problema se arrasta há meses e vê se há urgencia ou não para resolvê-lo! Hoje é, apenas, o ângulo de visão que é diferente. Mais nada.
Por uma vez, peço imensa desculpa, mas, tanto quanto eu como o Sr Embaixador, não nos devemos preocupar com estas coisas...
Pensemos na missinha do domingo, pensemos na missinha do domingo, de manhã, que o povo aplaude... e de tarde, com este calor, Praia Sr Embaixador, Praia...
José Barros.

Isabel Seixas disse...

O sr. Presidente aguarda com propriedade que os conselheiros flavienses gozem o feriado municipal, hoje... Logo logo haverá novos desenvolvimentos do cada vez mais na mesma...

Anónimo disse...

Ao domingo? Isso é para descansar! Não há qualquer urgência em ver um partido com 11.7 % nas últimas eleições, comandar o nosso destino no futuro imediato. Onde estão os "cabeças" do PSD que se deixam ultrapassar por este outsider?...

Anónimo disse...

Fim de semana à inglesa e não só! Não será, também, à inglesa (pelo menos, de há uns anos atrás) o partido mais pequeno que ditar as regras?
JR

EGR disse...

Senhor Embaixador: embora atrasado peço licença a nossa comentadora margarida para subscrever o seu texto.
Parece-me um excelente complemento ao post.
E, também me ocorre citar um comentário que ouvi ao insuspeito José Miguel Júdice dizendo que a personalidade em causa sempre esteve habituado a navegar com vento favorável.
Agora que o vento sopra em sentido contrário a dita não sabe o que fazer.

Maduro e a democracia

Ver aqui .